segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

El Tango: cultura e política

Na noite de sábado (28) presenciei um espetáculo lindo de tango no Complejo Tango, uma mistura de restaurante com aula de tango e espetáculo da dança com profissionais. O lugar é lindo, recomendo bastante para quem vier visitar a Argentina. Mas no post de hoje irei focar na dança do Tango que, para mim, representou muito mais do que um espetáculo de música, e sim um movimento social.

A AULA:

Foi muito interessante participar de uma breve aula de tango com uma turma de 20 pessoas e muitas delas de naturalidades diferentes: japoneses, londrinos, australianos, brasileiros, uruguaios e americanos. Na verdade eu já tinha praticado tango em 2008 para concorrer em uma gincana da escola, pena que não acho o vídeo no meu canal do youtube para disponibilizar o mico que passei. Mas fica algumas dicas de regras básicas da dança:


  • postura;
  • homem com a mão na cintura da mulher e ela com a mão no ombro do parceiro;
  • o outro braço esticado; 
  • o homem conduz a dança SEMPRE;
  • nada de entrelaçar as pernas, sempre lado a lado;
  • o grande final, olhar sexy do tango;
 E no final eu ganhei um certificado de conclusão da aula, olha só:  




A MÚSICA:

Eu toquei teclado e piano durante sete anos de minha vida e desde então adoro apreciar boas músicas. Tango para mim era um som muito inquietante, mas presenciar o envolvimento da melodia com o cantor tornou tudo mágico. Tinham momentos que eu fechava os olhos e sentia a canção, viajava no ritmo que invadia a minha alma.

Uma coisa que andei pesquisando sobre o tango argentino é que a música é uma fusão de vários estilos musicais europeus e africanos ( polka, flamenco, mazurka, kondobe, entre outros). Por mais antigo que seja, a música continua muito infiltrada no cotidiano dos argentinos, principalmente quando passeamos pelo centro. Existem vários casais que dançam nas ruas e convidam as pessoas para participar, ontem mesmo tinha um casal de velhinhos em frente à Galerias Pacífico dançando. 

A POLÍTICA

Não falarei de partidos políticos nesse tópico, mas algo que me fez refletir bastante quando vi a apresentação no Complejo Tango. A dança conta um pouco da história do tango começando em 1900. Nesse primeiro passo o envolvimento do homem com a mulher é algo mais romântico, a roupa da mulher é mais comportada, um jogo de conquista.

Ao longo do tempo a dança se envolve em um processo forte de sedução e amor, as roupas das mulheres ficaram mais curtas, as pegadas entre o casal ficou mais forte e o ritmo mais acelerado. Acredito que a história do tango acompanha bastante o ritmo que a sociedade argentina passa, esta intrínseco no comportamento social.

Mas quando pensei em política, me questionei precisamente sobre as mulheres e sua participação em uma dança tão envolvente. Todos sabem, ou precisam saber, os obstáculos que a mulher vem enfrentando ao longo do tempo e, acredito, que em países latinos essa pressão parece ser maior. A dança em si passa por muitos momentos, envolvimentos e se camufla com o movimento social. 

Talvez o meu olhar leigo de uma dança sexy e muito envolvente pode ser questionada e repensada como uma aproximação do corpo da mulher com o do homem, o quanto ambos no mundo têm se aproximado em muitos aspectos (políticos, culturais, trabalhistas, etc). Essa ligação é algo que se deve questionar para compreender e respeitar. Talvez seja duvidoso para muitos, para outros um grande avanço.

O tango não marcou somente a industria fonográfica, mas o tempo e espaço de vida dos argentinos, os aspectos culturais, sociais e políticos. Viver a música e acreditar nessa cultura é compreender não somente um aspecto regional, como também respeitar algo novo que se tem para acreditar dentro de si. O tango é uma paixão e um respeito para se visto e aplaudido a cada passo dado.


Confiram um pequeno vídeo da apresentação de tango no Complejo Tango que gravei.
   

sábado, 28 de janeiro de 2012

As compras na Argentina

Terraço com cafeteria
Já tinham me avisado, mas mesmo assim fui pesquisar os preços das roupas e tudo mais por aqui em Buenos Aires, porém percebi que é tudo a mesma coisa do Brasil. O centro tem uns lugares bonitos, uns cafés maravilhosos e não resisti tirar fotos. A arquitetura é clássica, antiga e alguns bons lugares são bem conservados, o que dá um aspecto de conforto para a região. 

Galerias Pacifico



Mais a frente nos deparamos com a humilde Galerias Pacífico, onde se concentra diversas grifes famosas e o ambiente do lugar é lindo. Logo no começo nos deparamos com a loja da Polo, com uma vitrine linda e não preciso comentar muito sobre a roupas. Outra loja que não conhecia e achei o máximo foi Etiqueta Negra, achei uma mistura de charme e elegância para nós homens, muita coisa linda.


Galerias Pacífico

Galerias Pacífico
A hora do almoço foi um tanto quanto constrangedora. Entramos em um restaurante chinês que tinha na porta o preço do quilo, logo entramos e nos servimos. Quando fomos procurar a balança eles falaram que o quilo seria somente para viagem e que teríamos que comer por 45 pesos à vontade. A princípio a oferta até que me parecia interessante, estava com muita fome, porém a comida era terrível, nem a sobremesa fez valer à pena...essas coisas acontecem.

E para fechar o post de hoje eu fui na Havanna que, além de alfajores incríveis, tem cafés, chás e frapês deliciosos. As tortas lá também são incrivelmente saborosas.

O passeio da manhã  e da tarde se resumem bem a isso, além de caminhar MUITO...hoje a noite vou dançar TANGO !!!! ;)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Eu cheguei, Argentina


Foram três horas de viagem do Rio de Janeiro até o aeroporto de Buenos Aires. A Gol Linhas Aéreas definitivamente está declinando em atendimento: não sei o que anda acontecendo mas não acreditei que paguei tanto para uma viagem internacional e recebi um pacotinho de bolo de chocolate da bauducco, duas torradas e um polenguinho...ahhh, suco de laranja também.

Às 17h cheguei na terra do Tio Maradona, me comuniquei rapidamente com alguns argentinos para me divertir e - definitivamente - meu espanhol é terrível. Logo na saída procuramos táxi e nos deparamos com alguns aproveitadores. Taxistas voaram ao nosso redor gritando preços, pegando no braço: isso não é legal para nenhum turista, assusta.

Finalmente pegamos um táxi super em conta e ficamos felizes da vida, mas o motorista era um mau caráter e dirigia cortando todos os carros que vinham na frente. Tentei me distrair olhando a paisagem da cidade que, por sinal, me deixou feliz. Não é moderno, mas sua arquitetura clássica me fascina, gosto de ar romântico e um pouco antigo.

Algo me deixou muito feliz e perplexo: aqui tem MUITOS TEATROS, ruas e ruas com muitas casas de espetáculos e cinema. No centro achei interessante ver tantas pessoas paradas observando pintores de rua produzindo suas obras "ao vivo". No Brasil penso que nem todo mundo pára e olha esse tipo de trabalho, andamos com tanta pressa.

Chegando no hotel o taxista quis cobrar um pouco mais do que tínhamos acertado, estamos em um grupo de seis pessoas e não deixamos ele cobrar mais caro (PALHAÇADA!). Ficamos bem assustado com o modo como eles reagiram - taxistas - , meio grosseiros e falando alto, cheios de razão, querendo bancar o esperto. Logo nos hospedamos e tentamos esquecer o probleminha.

O jantar foi incrível: o atendimento foi melhor, a comida suculenta e muita carne (SIM, EU ESTAVA COM MUITA FOME). A sobremesa impecável, umas tortas diferentes que esqueci o nome, mas era bem caseira.

Bom, ficarei mais uma semana, alguém tem dicas para me dar ??? 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nós vencemos


Hoje é minha missa de formatura, mas não participarei da colação amanhã pois viajo para Buenos Aires com a família. Não me sinto arrependido, não tenho pensado muito em externizar minhas emoções nesse primeiro mês do ano. Mas os meus quatro anos de graduação em jornalismo foi maravilhoso, e posso resumir esse tempo em uma palavra: aprendizado.

Na verdade, para quem não me conhece, comecei meu curso em Aracaju, onde morei durante 18 anos. Transferi para o ES por causa do trabalho do meu pai e deixei em minha cidade familiares, amigos e toda uma história de vida. Chegar em Vila Velha foi a primeira barreira que pude enfrentar, aliás, é outro ritmo e estilo de vida.

Mudar para uma nova universidade foi iniciar um novo momento de minha vida: buscar novos amigos, fazer com que eu me sinta parte daquele grupo social e me adequar (ou respeitar) o comportamento dos capixabas e/ou canelas-verde. No começo foi terrivelmente difícil, muitas pessoas não se abriam para conversar comigo e os grupos já existiam. Deste modo sentia um bloqueio enorme para conseguir interagir com as pessoas.

O tempo foi passando e - graças à Deus - comunicar é uma necessidade do ser humano, logo fiz minhas amizades. O segundo passo foi começar a encarar as provas, conhecer o estilo dos professores e lidar com o medo de tudo dar errado. Sim, deu errado, logo no semestre que entrei fiquei de final em duas matérias das seis que eu fazia, mas foi a primeira e última vez, nunca mais me permiti.

A busca por estágio é o sonho de todo estudante recém ingresso na faculdade, eu já participava voluntariamente da TV UVV da produção de alguns programas universitários que circulam no Canal 13 da Net. Logo no mês de Novembro de 2009 comecei um estágio no telejornal da TV Tribuna, o qual me deixou extremamente entusiasmado com a faculdade, além também de trabalhar e receber dinheiro em troca. Foi uma experiência incrível, que abriu muitas portas para outros estágios e atividade.

Uma coisa que achava interessante, e muitas vezes estúpida, é a nítida rivalidade entra os estudantes de jornalismo e publicidade e propaganda. Estupida porque é um preconceito inato que existe de não se permitir dialogar entre eles, pelo fato de alguns se incomodares com poucos do outro curso e acabar generalizando. Interessante porque as pessoas fazem parte do mesmo curso (Comunicação Social, mas só as habilitações e matérias durante dois anos são diferentes) e ao menos não sabem o que o outro faz, no fim acabam distorcendo o trabalho do colega.

Nunca tive problema em me relacionar com os publicitários, muito pelo contrário, eles foram os que melhores me receberam no começo e fiz amizade com vários. Além também de admirar todo trabalho que eles desenvolvem, desde da paciência do atendimento até a desenvoltura da criação. As outras áreas da comunicação também sempre me agradou, tenho vários amigos de Relações Públicas e da área de Cinema.

Por fim, mas não o menos importante, a minha monografia. Durante o mês de Fervereiro pensei o que eu iria fazer e várias ideias me vieram à mente. O meu coordenador me ajudou bastante e me sugeriu um tema maravilhoso, que ao mesmo tempo tem a ver com a minha vida: Identidade no Facebook.

Ler tantos livros e artigos sobre mídias sociais só fez aumentar a minha expectativa em conhecer mais sobre o sistema, além também de me aproximar mais da área que atuo e quero trabalhar profissionalmente. Os livros sobre identidade foram INDISPENSÁVEIS, teóricos como Zygmunt Bauman, Stuart Hall, Manuel Castells e outros me fizeram uma auto-avaliação, me entender, e isso foi uma das maiores grandezas de 2012.

Para mim tudo é uma lição de casa, daqui para frente serão outras histórias, faz um mês que me dei férias mas já estou com projetos prontos. Agora é a hora de fazer acontecer.
  


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Declaração de um tio coruja


Sempre fui apaixonado por crianças, trabalho voluntário com algumas na faixa de 5 à 7 anos em uma igreja e aprendo bastante com cada uma que grita: "Ei, Tio Salame, vem cá !". Dialogar e prestar atenção em cada palavra dita desses pequenos humanos é compreender a visão do mundo mais recente, de quem desceu à bordo e terá muita terra para capinar. Porém, o destino nos prega peças e a todo momento dá um tapa em nossa cara, dizendo: você ainda não viu nada, seu otário ! 

Em Agosto de 2010 minha irmã descobriu que estava grávida, uma festa para mim e o meu irmão - estávamos loucos para termos uma mais nova integrante na família. Meu pai ficou na dele, falou que só se animaria quando a criança estivesse no mundo. Mamãe orou, contou para as amigas da igreja, assim como uma religiosa fervorosa que é. Por fim, mas não menos importante, meu cunhado, que saiu cantando pelo mundo porque teria alguém para finalmente chama-lo de papai.

Durante a gestação as apostas estavam feitas: é menino ou menina? Eu e meu pai queríamos muito que fosse um garotinho, pois já o imaginávamos o levando para a aula de karatê, sentado em um carrinho brincando e comprando Power Rangers para guardar em sua estante de bonecos. Até o dia que minha irmã conseguiu descobrir o sexo e toda a casa festejava: é uma menina, Emanuela !

No dia 11 de Março de 2011 a pequena Manu nasceu por volta de 5h30. Eu estava em Vila Velha-ES sozinho com meu irmão, enquanto toda família presenciava o nascimento na cidade de Aracaju-SE. Ansiosos, não parávamos de ligar para meu cunhado exigindo uma foto mostrando como seria a pequena. Até que a bendita imagem chegou e ficamos aos prantos: precisamos vê-la urgentemente.

Em Abril consegui viajar para minha cidade natal e conheci a criança mais linda do mundo. No primeiro olhar chorei muito, a energia e o amor que nasceram dentro do meu peito foi maior do que qualquer força que já havia me deparado em meus 22 anos. Me senti anestesiado por um tempo, não acreditando que ela seria o relógio da minha saudade, o mais novo ser que iria me ensinar o abc, me mostrar o que é viver e tornar tudo maravilhoso e diferente em minha vida. 

Desde então já escrevi vários vários vários vários vários textos sobre ela. Hoje me pergunto que sentimento é esse o qual me toma, me torna vivo e me enche de vida. Algumas vezes me peguei preocupado sobre como um tio pode educar sua sobrinha, quais valores passar, o que ensinar e o que afastar para protege-la. Porém não existe manual ou cartilha que ensine educação, deve-se entender que isso será uma construção ao passar do tempo, assim como a própria identidade do bebê ao longo do tempo.

Ser tio não é ser pai, padrinho, avô ou qualquer outro tipo de parentesco. É um sentimento único, nem maior ou menor, mas o ideal para você descobrir e construir - ao longo do tempo - um bom e lindo significado sobre o que é amor.

Alguém se habilita a me dizer também o que é ser tio(a) ou o que representa ser um(a) ?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Carta para São Paulo

(Sanmy Moura)

Logo no começo do mês fui fazer um curso na ESPM de São Paulo, fiquei hospedado no Bairro República - na casa de um amigo - em frente ao Copan. O céu estava um pouco cinza, mas para as pessoas o tempo não parava, o ritmo continuava. E eu estava lá pela segunda vez visitando aquela cidade, com a sensação de quem ia passear na roda-gigante e enxergar o mundo dar voltas.

Sou nordestino, e vim de uma realidade completamente diferente dos paulistanos, talvez por isso minha observação possa ter sido muito intensa para mim. Caminhar naquele grande espaço me trazia a sensação de estar largado (no bom e mau sentido). Por muitas vezes as pessoas não te percebem, você está no meio de tudo e no mínimo tendem a te respeitar (ou ignorar). Porém, a frieza e a canalização do "eu" criou uma sociedade construída em unidades, cada um em sua "caixinha da vida" e o cidadão ao seu lado é só mais um.

Foram boas as minhas reflexões sobre São Paulo, por isso escrevi um pequeno texto sobre essa cidade que tanto me incomodou em um livro para meu amigo:

" 23.01.2012

Chegar nessa cidade é o ato de encher um balde de água. Preencher-se. Sentir-se parte de um dentre vários. Nessa cidade com nome de santo, o difícil é existir somente um Deus, mas a fé é única e se permeia na vida. 

Essa cidade me deu um grande presente: o aprendizado, aliás, isso é o que há de mais concreto que posso carregar. Aliás, viver a intensidade, vivacidade de cada canto me traz à tona o desejo da diferença e do complemento que odos nós podemos trazer por vivem em sociedade.

Esta pode não ser a cidade maravilhosa, não tem as praias do nordeste, muito menos a diversidade ecológica da Amazônia ou a beleza das serras gaúchas. Porém sua pluralidade me fascina, deixando-me com o sentimento de desejo, de querer e conhecer, para poder viver cada instante desse todo.

Obrigado, São Paulo, por ser grande e me tornar pequeno, dessa forma vejo o quão maior ainda posso ser."

Deixei Sampa às 17h, a chuva beirava por toda capital. No trajeto observava cada detalhe, o volume e a diversidade, já me preparando para voltar e lembrar do que mais eu vou precisar para viver.


E você ? Qual sua impressão de São Paulo ?

Vem gente, está começando!

Comecei tarde, mas estou dando meu primeiro passo. Criar esse blog é uma ideia que tenho faz algum tempo e minha proposta é trazer assuntos do meu e seu interesse. Desse modo vamos construir juntos informações e opiniões, trazer à tona discussões bacanas e desvendar assuntos novos.

Espero que goste e aceito sugestões.

Seja bem-vindo.